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Abundância de vida é encontrada em escuridão sob plataforma de gelo na Antártida

Por| Editado por Patricia Gnipper | 21 de Dezembro de 2021 às 16h10

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David Barnes et al.
David Barnes et al.

Uma abundância de vida marinha foi encontrada nas profundezas do mar abaixo da plataforma de gelo Ekström, na Antártida, por um grupo de pesquisadores liderado pela British Antarctic Survey. Em meio a uma total escuridão, eles encontraram um rico ecossistema que existe ali há pelo menos milhares de anos.

A descoberta de tantas formas de vida em condições extremas, segundo o biólogo marinho David Barnes, que é o principal autor do estudo, é um belo lembrete de como a vida marinha da Antártida é tão única e especial. “A maioria se alimenta de fitoplâncton, mas nenhuma planta ou alga pode viver neste ambiente”, disse.

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Os fitoplânctons, um tipo de microalga, dependem da luz solar para se alimentar, então como estas espécies prosperam na escuridão? Para investigar o ecossistema, a equipe realizou duas perfurações pequenas na plataforma de gelo Ekström ao leste da Antártida, em 2018.

Os pesquisadores não apenas encontraram vida, mas a encontraram em abundância, mesmo com o intenso frio, escuridão e escassez de nutrientes. No total, foram estimadas 77 espécies de 49 novas gêneros distintos de briozoários — também conhecidos como animais-musgo.

Esses animais são alimentadores de suspensão, o que significa que ficam estacionados numa única posição e usam pequenos tentáculos para capturar partículas de matéria orgânica da água. Isso indica que as fontes de alimento chegam ali por outros meios.

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A parte do mar aberta mais próxima do local de estudo fica a pelo 9,6 km de distância, sendo que trabalhos anteriores haviam encontrado vida em regiões ainda mais interiores do gelo, como nas plataformas Ross e McMurdo. “A vida foi observada até 700 km das bordas da plataforma de gelo", apontou a equipe.

Ecossistema milenar

Mais do que essas espécies marinhas, os pesquisadores encontram fragmentos de animais que morreram há muito tempo. Através da datação por carbono, eles estimaram a idade desses fósseis, variando das vidas atuais até as que existiram ali há 5.800 anos.

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Mesmo a distância de 3 a 9 km do mar aberto mais próximo, um “oásis de vida” pode ter existido de maneira contínua por quase seis mil anos. “Somente amostras do fundo do mar abaixo da plataforma de gelo flutuante nos contarão histórias de seu passado história", disseram.

Mas, então, como este ecossistema sobreviveu aos eventos glaciais passados que derreteram grande parte do gelo da Antártida? Os pesquisadores acreditam que as espécies que viviam no escuro se alimentavam com os plânctons — estes, sim, habitavam partes com acesso à luz solar — transportados pelo fluxo da água.

Apesar da biodiversidade encontrada em um local tão extremo, os pesquisadores temem pelo futuro dessas espécies, uma vez que as plataformas de gelo derretem em um ritmo cada vez mais veloz devido ao aquecimento global. “O habitat menos perturbado da Terra pode ser o primeiro a se extinguir”, ressaltaram os autores.

O estudo foi publicado no periódico científico Currente Biology.

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Fonte: Current Biology; Via ScienceAlert